"Na já batida, mas eficiente analogia que o argentino Julio Cortázar fez entre o universo da prosa e o do boxe, os romances seriam as histórias que ganhariam o leitor "por pontos", enquanto o conto o venceria por nocaute.
Lydia Davis é uma boxeadora um pouco distinta. Peso-mosca na forma, a escritora abate o leitor antes mesmo que ele se dê conta de que está sobre o ringue.
Com histórias feitas com a sutileza de quem escreve com dez dedos mindinhos --ou com dez bisturis --, as ficções de "Tipos de Perturbação" ganham pelo que não mostram.
Não é só com a concisão que Davis leva à lona. Ensaísticas, antropológicas, às vezes irritantemente descritivas, suas narrativas, muitas delas sem trama, parecem residir fora da literatura, até que o leitor se dê conta de que a literatura é que está mudando para o terreno de Davis."

Nenhum comentário: